sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Vendedor de Sapatos




CENA IV





A cena se transforma em uma loja de sapatos. A tira os tênis da mala de B e os coloca em cima da mala-mesa. Enquanto A narra a cena, ela retira a mochila e os fones de B e leva-o da estação para dentro da loja. Durante a narração de A, B ajeita o tênis em cima da mala-mesa.





A - Nome, um sujeito. Signo, aquário. Dentre cadarços e vários pares de tênis, assim, dos mais variados tipos e cores, ele se fazia e se re-fazia. Dentre os vários empregos, o que mais gostava era em uma sapataria; gostava de viver entre calçados, sonhava em gastar solas e mais solas de sapatos. Enquanto o sujeito não desfrutava de sua coleção de tênis, pois ainda não tinha uma, mascava sua goma de mascar. Seus dentes já estavam sensíveis, mas ele insistia em mascar. Como de costume, uma vez na estação esperando seu trem, percebeu que o par de tênis que calçava encontrava-se num estado lastimável. Imediatamente, no susto, tirou seus fones de ouvido e parou de mascar seu chiclete. Seu coração disparou. Passou um trem, passou outro, e o terceiro, e o sujeito permanecia catatônico, com o olhar fixo em seus pés. Há quanto tempo eles estão assim? Será que silver-tape resolve? Como fui dar conta disto só agora? Há tempos, fazia daquela estação de trem o seu templo particular onde meditava e filosofava sobre, quantos passos é daqui á Mongólia, coisas assim, deste naipe. Mas quem quer saber? Que trabalho enfadonho, masturbar sonhos, ilusões e afins.


Bruno Antiqueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário